quarta-feira, 10 de julho de 2013

20130710 Duas cartas a Kardec

Duas cartas a Kardec


Revista Espírita


Janeiro de 1858


O Livro dos Espíritos


Entre as numerosas cartas que nos foram dirigidas, desde a publicação de O Livro dos Espíritos, não citaremos senão duas, porque resumem, de alguma sorte, a impressão que esse livro produziu, e o fim essencialmente moral dos princípios que encerra.

===

Bordeaux, 25 de abril de 1857.


SENHOR,


Colocastes a minha paciência em uma grande prova, pela demora na publicação de O Livro dos Espíritos, anunciada desde há muito tempo; felizmente, não perdi por esperar, porque ele sobrepassa todas as idéias que pude dele formar, de acordo com o prospecto.


Pintar-vos o efeito que produziu em mim seria impossível: sou como um homem que saiu da obscuridade; parece-me que uma porta fechada, até hoje, veio a ser, subitamente, aberta; minhas idéias cresceram em algumas horas! Oh! quanto a Humanidade, e todas as suas miseráveis preocupações, me parecem mesquinhas e pueris, depois desse futuro, do qual não duvido mais, mas que era para mim tão obscurecido pelos preconceitos que eu o imaginava a custo!


Graças ao ensinamento dos Espíritos, ele se apresenta sob uma forma definida, compreensível, maior, bela, e em harmonia com a majestade do Criador. Quem ler, como eu, esse livro, meditando, nele encontrará tesouros inexauríveis de consolações, porque ele abarca todas as fases da existência. Eu fiz, na minha vida, danos que me afetaram vivamente; hoje, não me deixam nenhum remorso e a minha preocupação é a de empregar, utilmente, meu tempo e as minhas faculdades para apressar o meu adiantamento, porque o bem, agora, é um objetivo para mim, e compreendo que uma vida inútil é uma vida egoísta, que não pode nos fazer dar um passo, na vida futura.


Se todos os homens que pensam como vós e eu, e vós os encontrareis muitos, espero-o para a honra da Humanidade, pudessem se entender, se reunir, agir de acordo, que força não teriam para apressar essa regeneração que nos está anunciada!


Quando for a Paris, terei a honra de vos ver, e se não for para abusar do vosso tempo, eu vos pedirei alguns desenvolvimentos sobre certas passagens, e alguns conselhos sobre a aplicação das leis morais, às circunstâncias que nos são pessoais. Recebei, até
lá, eu vos peço, senhor, a expressão de todo o meu reconhecimento, porque haveis me proporcionado um grande bem, mostrando-me o único caminho da felicidade real, neste mundo, e, talvez, vos deverei, a mais, um melhor lugar no outro.


Vosso todo devotado, D.... capitão reformado.

===

Lyon, 4 de julho de 1857.


SENHOR,


Não sei como vos exprimir todo o meu reconhecimento, sobre a publicação de O Livro dos Espíritos, que tenho depois de relê-lo. O quanto nos fizésteis saber, é consolador para a nossa pobre Humanidade. Eu vos confesso, que da minha parte, estou mais forte e mais corajoso para suportar as penas e os aborrecimentos ligados à minha pobre existência.


Partilhei, com vários de meus amigos, as convicções que hauri na leitura da vossa obra: todos estão muito felizes, compreendem, agora, as desigualdades das posições na sociedade, e não murmuram mais contra a Providência; na esperança certa de um futuro muito mais feliz, eles se comportam bem, consola-os e lhes dá coragem.


Gostaria, senhor, de vos ser útil; não sou senão um pobre filho do povo, que se fez uma pequena posição pelo seu trabalho, mas que tem falta de instrução, tendo sido obrigado a trabalhar bem jovem; todavia, sempre amei muito a Deus, e fiz tudo o que pude para ser útil aos meus semelhantes; é por isso que procuro tudo o que pode
ajudar na felicidade de meus irmãos.


Iremos nos reunir, vários adeptos que estavam esparsos; faremos todos os nossos esforços para vos secundar, haveis levantado o estandarte, cabe a nós vos seguir, contamos com vosso apoio e vossos conselhos.


Sou, senhor, se ouso dizer meu confrade, vosso todo devotado, C....


===


São cartas que me tocaram no mais fundo da alma. Pois esse é o sentimento meu para com as obras de Kardec no seu todo.


Descortinam uma nova forma de pensar; e, para pessoas sinceras, de agir. Estamos todos inseridos nesse processo transformador diário.


É com alegria que vou caminhando na leitura da Revista Espírita, tantas vezes tentada essa leitura em grupo e se perdia.


Um pouco a cada dia. Espero poder caminhar em cada volume da obra. Sei que muitas emoções como a de hoje me aguardam.


Até porque, a felicidade se encontra nessas coisas simples da vida. Um texto. Seja ele meu, ou de um grande como é o caso de Kardec.


Com foco na simplicidade a vida se despe das ilusões, e ganhamos muito.


Paulo Cesar Fernandes

10 07 2013

Nenhum comentário: