terça-feira, 19 de março de 2013

Afinidade é Lei?

Venho nos últimos dias assistindo às apresentações de músicos argentinos, músicos presentes no Festival de Cosquín, um festival de folclore, que de sua parte tem uma data para o Rock and Roll daquele país.


Quem, como eu, ama a música, tem em Cosquín um prato cheio.


Diversas vertentes de folclore ali se apresentam. Dentre todas apresentações algumas me chamaram mais atenção por seu conteúdo mais engajado politicamente.


Falo de Suna Rocha, Leon Gieco, a família Carabajal e Facundo Toro, nomes que me vem agora à mente. Outros há de grande valor mas meu tópico hoje é outro.


Ouvindo essa gente, uma expressão eclodiu em mim: "essa/esse joga no meu time...".

Mas o que significa isso?


É estar próximo a mim ideológicamente, estar com as mesmas preocupações, estar a mim ligada/ligado por laços que transcendem a consanguinidade e a própria proximidade física.


Pensamos de forma semelhante.


Sentimos de forma semelhante a vida, os habitantes da Terra, com seus problemas e seus desvios de conduta.

Lutamos para que a Justiça se faça no mundo de forma plena. Um mundo onde a injustiça é tão gritante.


Isso me fez pensar na Lei de Afinidade tantas vezes ouvida no Centro Espírita. E fui ver no velho e bom Kardec de sempre.


Descobri que não há uma Lei claramente definida, mas uma questão onde o tópico é tratado:



278. Os Espíritos das diferentes ordens se acham misturados uns com os outros?

“Sim e não. Quer dizer: eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros. Evitam-se ou se aproximam, conforme à simpatia ou à antipatia que reciprocamente uns inspiram aos outros, tal qual sucede entre vós.


Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo.


Os da mesma categoria se reúnem por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias, unidos pelos laços da simpatia e pelos fins a que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de suas faltas e pela
necessidade de se acharem entre os que se lhes assemelham.”



Tal qual uma grande cidade, onde os homens de todas as classes e de todas as condições se vêem e encontram, sem se confundirem; onde as sociedades se formam pela analogia dos gostos; onde a virtude e o vício se acotovelam, sem trocarem palavra.


É muito bom, muito prazeroso ter, do outro lado da fronteira, pessoas de uma grandeza de alma capazes de nos inspirarem em nossa jornada. Capazes de, com suas palavras, convicções e arte, trazer/propor mudanças das quais nossa Terra anda tão carente.


Como sempre digo: "os artistas são os capazes de ver o futuro desde o presente". E os músicos argentinos, alguns deles cuja entrevista eu vi, e venho registrando, falam com tranquilidade na espiritualidade, em seu guia espiritual. O que me causou certo espanto. Mas uma ditadura que eliminou 30.000 pessoas, só pode deixar marcas profundas, em todas as pessoas de alguma sensibilidade. E a espiritualidade é o desaguadouro natural de tudo isso. 


Espiritualidade nada tem a ver com religião, lembremos sempre disso. É outra coisa segundo minha formulação. Se pauta na abstração do espírito da materialidade vigente em nossa sociedade. Num ato racional e consciente.


Os ideais e as energias acabam por nos unir ou nos separar. São os verdadeiros elementos na formação do podemos chamar, junto com Kardec, de nossa família espiritual. Capaz de nos trazer pitadas de felicidade a cada contato.


Paulo Cesar Fernandes

19  03  2013

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