segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Carta a um homem atemporal e perene - Jesus

Sim, és tu Jesus, cujas mãos calientes tocam meu coração, fazendo dele brotar as mais puras emoções; límpidas, límpidas como as intenções e ações de todos aqueles verdadeiramente revolucionários.


Palavras e atos revolvendo a Razão e a sensibilidade.


Exemplos fortes, capazes de forjar novos militantes, para honrar mais e mais nossos massacrados países da América Espanhola, mas não só.


Massacrados por civilizações que se diziam e se dizem cristãs.


Aonde a cristandade? Brutalidade e genocídio, em nome de que deus?


Não Jesus, tu não estavas lá, e não estavas vendo tudo isso.


O mundo todo se ressente e sofre de tanta injustiça. O negrito magricela de todos os recantos deste injusto mundo.

Os olhinhos fundos de fome, assolando a África e o Sudeste Asiático. O Brasil e nossa HispanoAmérica. Até quando?


Não te chamo para pedir nada, nem para te lembrar do que talvez te fosse obrigação.


Clamo por ti para compartir a dor, essa dor de tanta injustiça forjada.


É do calor e do contato de tuas mãos, que tomo coragem para compartir essa dor. Não a quero apenas minha, mas nossa.


Te pergunto ainda.


Como existir Deus, se o coração da Humanidade é forjado da materialidade mais cruel?


Deus não existe!


Houve equívoco de tua parte, e de teu equívoco se valeram homens da mais vil categoria espiritual, para dominar outros homens, quer politicamente, quer mentalmente; são os pobres da terra de hoje, e os pobres de espírito de todos os tempos.


Estou certo que tu, junto como os filósofos de todos os tempos, deram ao homem mais autonomia. E hoje ainda, sob o ordenamento de tua Viva Razão, se dá o surgimento de novos nomes, capazes de por uma pá de cal na insensibilidade, na irracionalidade vigente em nosso tempo.


É a ti Jesus de Nazaré, e mais ainda à tua renovadora mensagem a negação geral. 
Os homens negam a ti e à tua mensagem a cada dia, a cada hora.

Como se uma venda de frieza e individualismo estivesse presente nos olhos de toda a Humanidade.


Crês ainda em Deus?

Estou convicto que não!


Temos no peito a mesma dor da desilusão! Dor de perda! A perda diária de cada pessoa engalfinhada em si mesmo. Na mesmice do egoísmo.


Por outro lado, trazes em teus lábios as palavras das Bemaventuranças, de todo o Sermão da Montanha e a promessa do Reino.


Agora já não mais no imanente, mas consolidado no contingente. Na vida diária. Concreta!


Um Reino Real e Palpável, capaz de dar sentido ao aperto de mão, ao abraço, ao olhar afetuoso, à mensagem encorajadora.


Não meu amigo de Nazaré, nós estamos no mesmo barco.

Já deixastes o "Reino de los Cielos" pisastes a Terra. Esta mesma terra hispanoamericana e conflituosa. De matanças e genocídios tantos.
Esse é o material a trabalhar. E trabalhar juntos!


Essa terra africana carente e faminta. Essa terra do Haiti, pobre em todos os aspectos, itens capazes de serem percebidos por nós dois.


Mas essa mesma terra tem, e tu sabes, homens cujas palavras e atos são cânticos de hossanas à Vida, e não mais os anjos dos céus, ou deuses abstratos e inexistentes.


A Vida existe e pulsa em mim agora, no correr da pena, no pensamento claro e amoroso a ti, e à Humanidade toda.


Essa mesma Humanidade adormecida, entorpecida pelo canto da sereia da materialidade capitalista.


É possível acordar! Sair da letargia e do marasmo. Da frieza. Egoísmo reinante.


Sabes. De Nazaré até hoje temos a mesma Humanidade. Os mesmos problemas, mesmas paixões.


Sabes também, do caminho da Espiritualidade, opositora ferrenha da materialidade vigente. Assassina e torpe. Capaz da indústria Bélica; da
pesquisa da destruição em massa; da eliminação planejada das populações pobres, num processo de "higienização" da Terra, levada a cabo pelas
grandes potências bélicas (Vide obra de Slavoj Zizek).


Uma espiritualidade não religiosa, e despida de todas as instituições, livre de preceitos outros além dos deixados por ti, e dos presentes nos limites da
Razão Humana. O Homem, capaz de se enternecer com a dor do outro homem, tendo dentro de si, a humanidade perdida na materialidade. Uma materialidade presente em todos os recantos do mundo.


Uma Espiritualidade capaz de mudar, através do coração as novas gerações, recebendo estas um legado mais feliz e mais harmonioso.


Nascerá uma nova militância pautada em ti, velho amigo. Homem como todos nós, mas com a capacidade de visão mais ampla, e com um amor
capaz de fazer renascer no coração do  homem, valores de Justiça e Equidade. Algo mais condizente com a Terra na qual todos sonhamos viver.


Se "Deus está morto". Cabe a ti viver e vivificar a Terra, ditando os rumos para uma Nova Humanidade.



Portal Fernandes   (Paulo Cesar Fernandes

18  09  2012

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