quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Reflexão 13 09 2012 - Discurso e ação

Um homem se define por seus atos, e não por seus discursos."
                                                              Paulo Cesar Fernandes


Tenho reiteradas vezes dito isso. principalmente quando alguém me tece algum elogio. E nesse momento minhas palavras tem dois sentidos.

De meu lado questiona o elogio, na medida da minha falibilidade. Falível como qualquer pessoa deste mundão sem fim, como diria o cordelista nordestino. 

Doutro lado questiona a veracidade do sentimento no elogio proferido. Muitas vezes envolto em fel e falsidade.
Não gosto de elogios. Prefiro receber bons atos, bons sentimentos. Prefiro a sinceridade. Principalmente a sinceridade que me questiona. Gente limpa comigo, me rejeita com toda sinceridade.
Da mesma maneira rejeito eu pessoas cujas atitudes eu deploro.


Mas, note bem, existe um grande abismo entre discordar do pensamento e rejeitar a pessoa.
Discordo do pensamento de algumas pessoas, e na verdade respeito sua forma de ser, seu idealismo, sua correção de caráter.
Mas pessoas há cuja falsidade é asquerosa. Rejeito e não sei fingir.

Quanto a receber de bom grado a falsidade, me faz lembrar de uma frase ouvida de D. Conceição ao longo da infância e juventude:
"Deixa filho, cada um dá de si o que tem de melhor".

Simples e profunda observação.
Muitas vezes, quando sou grosseiro com alguém, isto me vem à memória. Me alertando quanto à necessidade de ter em mim outra qualidade de coisas a compartir com meus semelhantes.
Não! Não escondo meus defeitos, eles ainda são uma verdade em mim. Quem os esconde está pior que eu.
Por outro lado tenho nos meus atos a imagem exata do meu discurso. Meus atos me definem, tanto os maus, quanto os bons.


Tenho mudado? Sim. Mas não de todo. Melhorado? Creio que sim, mas ainda falta.
O progresso individual ou social é um lento processo de pequenas mudanças, a menos que uma revolução se ponha em curso. E tal revolução pode  ocorrer no estreito âmbito da individualidade, bem como no contexto de toda uma sociedade, assumindo esta novos valores, econômicos, sociais e culturais.

"Viramos a mesa" como pessoas, ou como sociedades.
Mas sempre partindo de um mínimo de coerência.

Quanto ao discurso e ação trago algo de Emmanuel. "Vinha de Luz". Aos discípulos, é o nome do texto:

O homem que se internou pelo território estranho dos discursos, sem atos correspondentes à elevação da palavra, expõe-se, cada vez mais, ao ridículo e à negação.

Há muitos séculos prevalece o movimento de filosofias utilitaristas.

E, ainda agora, não escasseiam orientadores que cogitam da construção de palácios egoísticos à base do magnetismo pessoal e psicólogos que ensinam publicamente a sutil exploração das massas.

Os tempos de agora são aqueles mesmos que Jesus declarava chegados ao Planeta; e os judeus e gregos, atualizados hoje nos negocistas desonestos e nos intelectuais vaidosos, prosseguem na mesma posição do inicio.

Entre eles, surge o continuador do Mestre, transmitindo-lhe o ensinamento com o verbo santificado pelas ações testemunhais.

Aparecem dificuldades, sarcasmos e conflitos.

O aprendiz fiel, porém, não se atemoriza.

O comercialismo da avareza permanecerá com o escândalo e a instrução envenenada demorar-se-á com os desequilíbrios que lhe são inerentes. Ele, contudo, seguirá adiante, amando, exemplificando e educando com o Libertador imortal.


Nesse texto, ponho reparo ao religiosismo, e ao fato de colocar em Jesus, portanto fora do Homem, o cerne de seu processo evolutivo.
Nada. Nada mesmo ocorre sem que o homem, o espirito, seja o protagonista de seu destino. De sua trajetória espiritual enfim.

Com muita propriedade o poeta espanhol, Antonio Machado disse:
"Caminhante, não há caminho. Caminho o fazemos ao caminhar."

Paulo Cesar Fernandes

13/09/2012

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