sexta-feira, 6 de julho de 2012

Um outro tipo de telefone

Tenho afirmado e reafirmado a beleza da vida.
Ela é, mais que tudo, uma bela oportunidade de experiência, de renovação, de aprendizado nas mais diversas áreas.


Mas há um detalhe, um pequeno detalhe que hoje me tocou fundo a emoção, que é a questão do Muro; esse Muro de Berlim que separa os dois lados da existência. Que nos parece Intransponível.


O lado material e físico da existencia corporal; e o lado leve, quando nos despojamos do corpo físico.


Hoje, forte, muito forte senti a ausência de meu cunhado, que se foi a 4 de dezembro passado. A mesma dor, uma saudade imensa daquele ouvido sempre amigo, aquele coração seguramente sincero, a vibrar com meus sucessos todos, e pedindo calma e esquecimento em momentos tormentosos. "Esqueçe isso, não vale a pena!"


E, em geral tinha razão, algumas coisas não vale a pena rememorar.


Medito, me alço à espiritualidade a cada fim de tarde. Tem me ajudado a viver. Faziamos assim quando vivia com minha mãe e minha irmã. Encontro simples e proveitoso. Assim é hoje.


Não é fuga, muito ao contrário é conexão. Bem diferente!


Esta meditação, neste fim de tarde foi toda ela dedicada ao bem estar desse meu cunhado, à sua alegria, e à sua lucidez o mais rápido possível. Que penso já ocorreu.


Mas bem que a vida poderia ter um detalhe adicional, e nos permitir, vez por outra dar um "telefonema" para os que amamos e já passaram pelo Portal do Desconhecido. Da minha familia tenho muita gente amada por lá. Da companheirada do espiritismo centenas senão mais. Amigos artistas lá estão outro tanto. Gente da música, teatro, professores de matérias e de viver por lá já estão.


A bem da verdade não tenho a menor pressa, mas como não vou ficar prá semente, na hora de minha ida uns poucos vão chorar por aqui; e, assim eu espero, uma multidão a me receber, tão logo deixe o corpo.


É um tempo de espera a reencontrar e abraçar plenamente a todos os que amamos, muitos dos quais temos muita gratidão.


Com tudo isso, e exatamente por tudo isso, a vida segue sendo muito bela de ser vivida plenamente! Sempre estarei a favor da vida. E tenhamos a cada momento, vida em plenitude!

Paulo Cesar Fernandes

06/07/2012
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Nota.: Ao fim do dia, conversando com minha irmã mais nova, não a que ficou viuva, ela me dizia que ao longo da tarde tinha sentido uma saudade muito grande de nosso cunhado. Relembrando todas as coisas boas que este fazia às mais diversas pessoas sem o menor intento de projeção ou de recompensa. Pelo puro e simples prazer de servir. Disse que chorou muito.
Tal e qual ocorrera a mim.
Desses dois fatos nada de conclusivo posso afirmar.
Mas, isso me permite conjecturar, da possibilidade de nosso cunhado já estar lúcido, e o que é mais importante, estar tendo a possibilidade de visitar a familia tão amada por ele.
Nada comentei com minha outra irmã pois seria uma grosseria reavivar uma chaga tão dificil de cicatrizar. Deixei quieto.
Ninguém que eu tenha conhecido nesta minha existência, ninguém mesmo, teve a vida tão voltada à familia como o Milton, meu cunhado, meu irmão, meu amigo sincero.
Nem mesmo Altivo Ferreira, que é uma das pessoas que mais admiro, por sua dignidade e firmeza de propósitos, teve uma vida tão voltada para servir seu semelhante como Milton Carlos Larocca, meu cunhado, para minha honra.
Fecho esta longa nota com uma frase que jamais hei de esquecer que dele ouvi:
 "A caridade, bem coordenada, começa dentro de casa."
                                                       Milton Carlos Larocca

Mas Milton rompeu as fronteiras da familia se fazendo um espirito sempre pronto a ajudar as pessoas, bastando para tanto saber da necessidade dessa pessoa. Imposto de Renda de ex-colegas da Petrobrás; uma solicitação de exame de sangue junto a uma médica conhecida para uma pessoa que não podia/queria ir ao médico; um ventilador que "eu vi, achei que estava barato e trouxe, pois a sua casa é muito quente". São exemplos de atitudes que eram tomadas sem arrogância, de modo a não ferir o beneficiado.
Nas leituras que tenho feito de "Seara dos Médiuns" pelo espirito de Emmanuel tenho tido oportunidade de identificar, nas advertências do amigo espiritual, as atitudes rotineiras da vida de meu cunhado.
Um Santista (Santos F. C.) acima de qualquer suspeita, pois afinal, depois de tanta seriedade, uma verdade mais leve sempre melhora a qualidade do texto.
 Paulo Cesar Fernandes
 07/07/2012

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