terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Terminologia e Teoria Espírita

Fim de tarde.
Gosto de sentar e me dedicar um pouco à meditação. Lembro nessa hora de algumas pessoas que saiba em situação de maior fragilidade que a minha, encaminhando amor, carinho e força, dentro dos limites que me são próprios.
Venho me valendo do livro "Seara dos Médiuns" de Emmanuel, como uma leitura instigadora de reflexão.
No texto de hoje 27/12/2011 estava presente a expressão "Nosso Senhor Jesus Cristo" o que para mim foi chocante. Apesar de saber da data de publicação do livro, das origens de Emmanuel, e tudo o mais, a questão da terminologia me aborreceu bastante.
Antes desse livro vinha usando o "Diálogo dos Vivos", com mensagens de diversos espíritos, comentadas logo após por Herculano Pires. Um livro escrito na ocasião do incêncio no Edifício Joelma de São Paulo. Algumas mensagens defendendo a idéia de que ali teriam sido reunidos espíritos que teriam em vidas anteriores agido de tal ou qual maneira. Absurdo. Por que não pensar no desleixo, no que diz respeito a normas de segurança e manutenção do edificio, desprezadas em grande parte das organizações?
O que mais me aborreceu foi o fato de Herculano Pires, apesar da lucidez que o caracterizava, ter se deixado levar no tsunami de aberrações das mensagens psicografadas, depositando sobre elas a chancela de sua concordância.
Não consigo imaginar o Professor José Herculano Pires hoje, a defender as idéias que defendeu no passado. Até porque cada um de nós, voce leitor e eu, podemos nos defrontar com textos nossos com as quais não mais concordamos. Seja ele um texto de cunho espírita, seja de outro tema qualquer.
Digo isso pois venho digitando as coisas que escrevi ao longo da vida, e pouca coisa passa pelo atual momento de racionalidade. Destino final: lixo.
Um ou outro acaba escapando, para servir como elemento demarcatório de meu pensar em dada época. Digo sempre que espero a cada ano mudar um pouco, no sentido de uma maior compreensão de mim mesmo, e da Lei Natural que baliza nossos destinos. Essa Lei não comanda, não gerencia, não determina. Ela é. E por ser, tem seus parâmetros aos quais vamos nos adequando, à medida que desses parâmetros nos tornamos conhecedores.
Imagino esses espiritos inteligentes e libertos das limitantes do seu tempo, o quanto podem eles ter mudado de concepção. Quanto mais ampla deve ser sua compreensão dessa Lei. Que não é punitiva, não traz sofrimento, mas muito ao contrário, abre possibilidades de felicidade cada vez maiores, à medida
que dela nos apropriamos em conhecimento e nos adequamos enquanto atitude vivencial.
Voce não precisa concordar comigo, deve pensar autonomamente, mas creio ser chegado o momento de melhor cuidarmos da terminologia que usamos em todos os lugares onde sejamos chamados a emitir nossa opinião. Principalmente se a temática for a Teoria Espírita. Não é possível disseminar uma
terminologia e um arcabouço de idéias que venham a ferir o esforço feito no sentido de colocar o Espiritismo no seu devido lugar dentro do contexto cultural da atualidade.
Chamemos essa atualidade de "PósModernidade" como propoe Jean-Francois Lyotard; "Tempos Líquidos" como prefere Zygmunt Bauman ou ainda "Modernidade Avançada" tal qual propugna Anthony Giddens.

Importa que tenhamos uma terminologia adequada e idéias claras, capazes de enfrentar os teóricos de nosso tempo de igual para igual. Sem medo do debate. Firmes o suficiente para nunca abrir espaço a qualquer espécie de ridicularização por parte de quem quer que seja.

Somos conscientes do manancial que temos nas mãos. Resta defende-lo adequadamente.
 
Paulo Cesar Fernandes  -  27/12/2011

Nenhum comentário: