quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma saia

Uma saia


Pelas ruas de Santos a cidade de sempre.

Mas, num fim de tarde, um andar desconjuntado, solto, um véu de noiva, uma saia caindo pelas ancas beirava o chão.

A dona? Não a conheço. Ela sequer me viu.

Vendo-a por trás me perguntei que caminhos caminhava aquela caminhante. Que pensamentos em si carregava.

Não. Não era dessas mulheres esbaforidas. Que pegam mais tarefas, e mais tarefas, para que o tempo se preencha, se ocupe, e delas se esqueça.

Enquanto estiver o tempo bem ocupado não lhe voltará a atenção.

Ela estará livre.

Livre do que mais a amedronta: pensar em sua existência.

Esta mulher que vi não temia a vida.

Sua roupa, seu andar, tudo meio solto, meio desajeitado.

Deslizava na rua e no tempo.

Todo esse quadro me fez ver que talvez; talvez apenas fosse uma mulher livre de todas as imposituras sociais.

Às favas mandou o mundo das convenções. Seguia no mundo real, da forma mais bela, apenas e tão somente: Espirito Livre.

Paulo Cesar Fernandes
25/03/2011

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