Uma saia
Pelas ruas de Santos a cidade de sempre.
Mas, num fim de tarde, um andar desconjuntado, solto, um véu de noiva, uma saia caindo pelas ancas beirava o chão.
A dona? Não a conheço. Ela sequer me viu.
Vendo-a por trás me perguntei que caminhos caminhava aquela caminhante. Que pensamentos em si carregava.
Não. Não era dessas mulheres esbaforidas. Que pegam mais tarefas, e mais tarefas, para que o tempo se preencha, se ocupe, e delas se esqueça.
Enquanto estiver o tempo bem ocupado não lhe voltará a atenção.
Ela estará livre.
Livre do que mais a amedronta: pensar em sua existência.
Esta mulher que vi não temia a vida.
Sua roupa, seu andar, tudo meio solto, meio desajeitado.
Deslizava na rua e no tempo.
Todo esse quadro me fez ver que talvez; talvez apenas fosse uma mulher livre de todas as imposituras sociais.
Às favas mandou o mundo das convenções. Seguia no mundo real, da forma mais bela, apenas e tão somente: Espirito Livre.
Paulo Cesar Fernandes
25/03/2011
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