domingo, 19 de abril de 2015

19980614 Voar


 

Crônicas dos tempos do Quanta

 

Voar

 

 

            Quando um homem comum morre, perde a família consangüínea.

            Ao morrer um idealista, ou seu ideal; perde muito de força o crescimento da família humana.

            O ideal é o lubrificante que viabiliza a engrenagem do novo, do criativo, da verdadeira máquina de progresso que impulsiona a humanidade.

            Olhemos fundo no passado da humanidade. Nomes não faltarão nas mais diversas áreas.

            Nesses nomes se basearam os saltos qualitativos na caminhada do conhecimento.

            O saber acadêmico é estático.

            O do idealista é dinâmico; segue a própria dinâmica do inconformismo com o velho, com a mesmice, com a falta de visão histórica espraiada na sociedade de todos os tempos.

            Só ele, só o idealista sai do quotidiano perscrutando a vida, com seu binóculo de ver o futuro. Como a gaivota de Richard Bach, deixa os outros e segue solitário seu rumo.

            Incompreendido, criticado, isolado até por seus pares, tem na luz do seu norte a segurança da jornada.

            Caminha.

            Empreende.

            Realiza.

            Do centro de sua solidão; pouco a pouco compreende seus pares, vê seus pés, atados ao chão do imediatismo, sem poder ajudá-los a voar.

            Pássaro nenhum voou sem tentar; partindo sempre de uma própria dinâmica interior.

            Tal qual a ave mãe, se alegra o coração do idealista. Pois sabe, de experiência própria: uma vez alçados grandes vôos; pouca chance terá o aprendiz, de desprezar o prazer de ver o mundo, sempre a partir de perspectivas mais altas.

 

                                                                       Paulo Cesar Fernandes.

 

                                                                                  14/06/1998

 



Nota: Texto dedicado a Jaci Régis, espírita.

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