segunda-feira, 1 de setembro de 2014

20140901 Razão e fé

Razão e fé


Uma vez mais venho dispor sobre a incompatibilidade entre esses dois elementos.


Mas, se no primeiro momento negava às pessoas o direito de se sentirem acolhidas em alguma fé; hoje isto me parece de alguma forma atroz para com tais pessoas.


Quem sou eu para definir projetos e caminhos das pessoas?


Se descarto a fé e as crenças de toda sorte para minha jornada intelectual, não posso fazer disso uma regra geral.


Afinal cada um de nós tem sua forma de caminhar. Bem como na rua. Uns, mais joviais, caminham numa velocidade maior; outros, cuja idade ou a despreocupação contempla, tem a possibilidade de fazer sua caminhada mais atenta a tudo ao seu redor.


Não quero dizer com isso que inevitavelmente todos chegarão ao "primado da razão". Não mesmo. Digo apenas da liberdade necessária para cada pessoa escolher a sua forma de sentir a vida. Pois a vida deve ser sentida. E não vivida de roldão.


Alguns se inspiram mais pela trajetória do raciocínio se desenvolvendo e desenrolando numa dialética própria. Outros, por sua vez, já sentem seu coração mais agasalhado na aceitação de postulados recebidos, e estes lhes bastam; venham estes de onde vierem: do pastor da sua igreja; do dono de seu Centro Espírita; do seu guia espiritual; seu guru; etc.


São almas abertas ao acolhimento de ideias fornecidas, e sem preocupações maiores em lhes opor questionamentos.


E não podemos as condenar. É a sua maneira de andar na vida. Aceitável e digna de todo respeito.



Quem disse ser a correta a Civilização Ocidental?


Quem disse do saber dos Povos Originários como um saber sem valia no mundo atual?


Se tomamos a Europa como centro da Civilização, precisamos ler muito mais sobre a história dos povos colonizados pelos europeus.
Saber dos sofrimentos do povo árabe; dos povos latinoamericanos.




Você acha uma aberração o nascimento do "Califado"? Suas atrocidades?



Vá estudar a história da Argélia, colonizada pela "civilizada" França. Tome consciência de quantos massacres, tão grotescos ou mais que os apresentados pela mídia atual.


Vá estudar as atrocidades dos turcos com os armênios.


Em nome de uma religião e de uma fé se perpetram atrocidades.


"Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda transportareis montanhas." disse Jesus de Nazaré.


A fé proposta pelo nazareno é uma fé pautada no amor, e não no ódio. É a contraposição de tudo ocorrido no nosso continente latino onde uma cruz foi imposta a civilizações milenares.

Pautada no amor ao semelhante a verdadeira fé ajuda a edificar o ser humano e nunca destrui-lo.


Somos seres em construção, e temos muitos caminhos para essa necessária autoconstrução. Alguns optarão pela fé; outros pela razão; outros ainda pelo questionamento e pela dúvida; mas todos levarão a cabo uma trajetória.


Todos terão oportunidades várias de escrever e reescrever suas histórias.


O instrumental dado pela certeza nas vidas sucessivas (reencarnação) e na imortalidade do Ser é generoso e nos enche de esperanças.


E estes dois princípios não são artigo de fé, mas elementos comprovados por fatos, em diversos momentos da humanidade e em diversos contextos civilizatórios.


Paulo Cesar Fernandes

01/09/2014

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