domingo, 7 de setembro de 2014

20140907 Temporalidade das ideias

Temporalidade das ideias
 




Acabo de ler Revisão do Cristianismo de José Herculano Pires numa edição impressa em 1977.


Interessante perceber como àquele tempo a data de escritura das obras era desprezada, não marcando assim o momento do pensamento do autor.


Foi o capítulo VI - O Olimpo Cristão.


Tendo como foco a Igreja Católica tece críticas pesadas. Justamente num tempo de surgimento dos padres operários, e das primeiras CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). Iniciativas ainda dentro do Momento Ditatorial cujos desdobramentos todos devemos saber.


Em minha leitura daquele momento, havia plena concordância com Herculano.


Hoje, eu não mais vejo a Igreja Católica da mesma forma, e tenho certeza o próprio Herculano, com sua capacidade de descortínio histórico já não a ve da mesma forma.


Nossas ideias tem uma temporalidade, se lidamos com sociologia e mesmo com filosofia. Os fatos sociais são históricos e mudando a história nossa leitura de tudo deve acompanhar tal mudança.


Não fazendo assim, corremos o risco de uma postura estacionária, e perversamente retrógrada.


Isso não deve nos impedir de opinar sobre os temas candentes de cada momento histórico. Mas sempre tendo a certeza de estarmos lidando com ideias datadas, e certamente no tempo serão superadas.


Essa a dinâmica da vida em seu progresso inevitável.


Fugir disso é assentar na mesmice, e no desinteresse dos possíveis leitores.


Quando avança a cultura da humanidade devemos estar atentos; não para seguir qualquer "movimentinho novidadoso", mas para perceber aquilo cujo fundamento trará evidentes impactos nas formas de conceber a vida e de vivenciá-la.


Todas as ideias se movem no sentido do progresso. Não observar esse detalhe é perder o bonde da história. O que não desejo para nenhum de nós.



Paulo Cesar Fernandes

07/09/2014

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