sexta-feira, 9 de agosto de 2013

20110816 Liberdade para viver

 
Liberdade para viver

 

Quem não tem medo da morte ?


Questão que pega a todos nós, cada qual por seu motivo. O próprio reino animal, sem a possibilidade do pensamento contínuo, já apresenta tal medo em todas as espécies. Presente que está no instinto de sobrevivência.


Digo isto, para que o leitor perceba o quanto este medo é natural, o quanto este faz parte das Leis Naturais. Não é natural, no entanto, quando este medo se torna de tal forma forte que passe a ser um impeditivo à vivência plena do homem. Cabendo-lhe gerenciar tal medo e mantê-lo no patamar da naturalidade, o único aceitável.


Tal temor tinha justificativa, quando nossa educação se baseava na idéia de um céu ou de um inferno. Quando as concepções religiosas buscavam estabelecer como pecado tudo aquilo que faz parte da natureza humana. O homem vivia, e nessa vivência agia naturalmente como não poderia deixar de ser. Sendo essa naturalidade atacada pelas religiões o homem se via diante de diversos dramas de consciência.


Na Idade Média a salvação do homem apenas se daria através da fé. O homem era refém da Igreja a quem servia sob a égide do pavor.


Ao homem cabiam apenas duas alternativas : o se deixava levar pelo medo do futuro, negando-se a viver; ou negava a continuidade da vida, aderindo ao ateísmo e ao materialismo, como filosofia de vida.


Quantos sofrimentos não teriam sido evitados se naquela época, as época medieval já tivessem vindo a lume os conceitos libertadores do Espiritismo?

 
À medida em que a civilização avança no entanto, se ampliam as concepções, e o espaço para a divulgação da idéia de pecado passa a ser exíguo, beirando o limite do ridículo, hilário. Algo não digno de atenção, pois tal discurso ignora os anseios mais profundos do espírito: a busca de uma vivência plena aliada à sua necessidade de transcendência.


As religiões, ao se aliarem ao poder temporal acabaram por deixar de lado sua maior tarefa como condutoras de almas. O medo não conduz, emperra caminhos.



O Espiritismo bem compreendido, e os desdobramentos éticos de tal compreensão, acaba por cumprir o papel de condutor de almas, não naquela ótica de uma verdade pronta e definitiva, porém como um conjunto de idéias que implicam numa revisão de nossa conduta, reorientando nossa prática no sentido da libertação.


A liberdade amplia nosso senso de justiça, implicando num deslocamento dos nossos focos de interesses para um melhor trato com os nossos semelhantes, com a sociedade e principalmente conosco mesmos.


As informações trazidas pelos espíritos a Kardec são um grande incentivo, porém o movimento real é de dentro para fora, é algo fortemente estruturado numa decisão interior. Decisão de se orientar segundo a construção de sua própria racionalidade. Abolindo o pensamento alheio como condutor de nossas existências.


É de Jesus que “se um cego orienta outro cego, caem os dois no abismo”.



Os pensadores são muitos, as idéias variadas, pobre daquele que elege outra pessoa para gerenciar o fluxo dos conceitos norteadores da sua existência. Será criança intelectual. Incompetente de se autogerir.


“Pensar pela própria cabeça” segundo Giorgio Gaber, grande cantor e autor italiano, essa é a fúrmula dada a todos nós, isto para que não tenhamos medo ou preguiça para ser autônomo e principalmente livre.


Todos buscam a felicidade. Mas ninguém estabelece um caminho para chegar a essa meta tão almejada.


Venho estabelecendo uma trilogia que me parece adequada a essa trajetória:


Liberdade       »»        Criatividade    »»        Felicidade


Liberdade:

A primeira etapa é a mais difícil. Todo o contexto social nos leva a tolher nossa liberdade. A família castra. Todas elas, de uma forma ou de outra acabam castrando o espírito em formação, até porque não capazes em sua grande maioria de perceber as qualidades e as características do reencarnante. Poeta? Cientista?  Marceneiro, um artista em seu mister?


Não. Médico. Advogado. Cirurgião Dentista. Veterinário. Fecham o ciclo de possibilidades ao espírito.



_ Ator? Músico? Voce está maluco. Devem ser essas suas companhias. Só me faltava ser bailarino.


_ Mas no Curso de Teatro temos aulas de Ballet para soltar o corpo...


O pai inculto sai bufando sala afora.




Criatividade:

Absolutamente toda atividade permite ao homem a possibilidade de se perguntar alguma vez na vida:


_ Será que eu preciso fazer isto sempre desta forma? Deve ter um outro jeito de ordenar esta rotina, que me poupe trabalho e me traga maior prazer. Mesmo no âmbito de uma biblioteca onde algumas rotinas já se desenvolveram.



Pensando... Pensando... Pensando... Voilá!!!



E algo é rerotinizado. Quando o grupo é coeso e minimamente inteligente, todos se alegram com a modificação criativa.


A grande questão é não ter preguiça e sempre se perguntar: “E se eu fizesse diferente? O que de novo sou capaz de pensar? Os norte-americanos se valem de uma expressão muito significativa: “And IF...?” que significa “ E se ....?”



E se eu pensar diferente? E se eu viver diferente? E se eu me despojar de todas as convenções sociais e mergulhar fundo no universo da plena liberdade?




Felicidade:


É decorrência natural dos dois itens anteriores.


Usei a profissão como exemplo mas em todos os aspectos da existência humana a liberdade pode ser nossa condutora.


Em certo sonho uma moça de lindo rosto, talhado de maturidade me conduzia por caminhos por mim desconhecidos.


Em principio pensei na possibilidade dela representar minha incapacidade de compreensão da mulher. Mas isso não se coadunava com a sensação de alegria e plenitude encontradas ao final do caminho.



Agora compreendo que aquela bela moça meiga, porém madura era a personificação da liberdade que só muito recentemente incorporei em minha existência.



Sem religião, sem gurus, sem pensadores que pensem por mim, contando com quase ninguém para compartilhar conhecimentos, mas como diz Wolfgang Ambroz no título de seu LP “Abandonado, mas livre!”.



Assim é, pois nossa liberdade incomoda as pessoas.



Paulo Cesar Fernandes


16/08/2011

 

Nota: Até esta data eu não estava convicto da inexistência de Deus.

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