domingo, 22 de julho de 2012

Voar (Crônicas dos tempos do Quanta

Crônicas dos tempos do Quanta


Voar *

Quando um homem comum morre, perde a família consangüínea.
Ao morrer um idealista, ou seu ideal; perde muito de força o crescimento da família humana.
O ideal é o lubrificante que viabiliza a engrenagem do novo, do criativo, da verdadeira máquina de progresso que impulsiona a humanidade.
Olhemos fundo no passado da humanidade. Nomes não faltarão nas mais diversas áreas.
Nesses nomes se basearam os saltos qualitativos na caminhada do conhecimento.
O saber acadêmico é estático.
O do idealista é dinâmico; segue a própria dinâmica do inconformismo com o velho, com a mesmice, com a falta de visão histórica espraiada na sociedade de todos os tempos.
Só ele, só o idealista sai do quotidiano perscrutando a vida, com seu binóculo de ver o futuro. Como a gaivota de Richard Bach, deixa os outros e segue solitário seu rumo.
Incompreendido, criticado, isolado até por seus pares, tem na luz do seu norte a segurança da jornada.


Caminha.
Empreende.
Realiza.


Do centro de sua solidão; pouco a pouco compreende seus pares, vê seus pés, atados ao chão do imediatismo, sem poder ajudá-los a voar.
Pássaro nenhum voou sem tentar; partindo sempre de uma própria dinâmica interior.
Tal qual a ave mãe, se alegra o coração do idealista. Pois sabe, de experiência própria: uma vez alçados grandes vôos; pouca chance terá o aprendiz, de desprezar o prazer de ver o mundo, sempre a partir de perspectivas mais altas.



Paulo Cesar Fernandes.

14/06/98



* Texto dedicado a Jací Régis.

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