domingo, 11 de fevereiro de 2018

20180211 Humberto Mariotti_Parapsicologia e Materialismo Histórico (Capítulo final



Capítulo XX

PARA A FILOSOFIA DE UM NOVO PENSAMENTO
 
 

Todos os grandes construtores da nova filosofia, pertencentes aos tempos novos, estão reunindo os elementos com que fundar, de forma positiva, um Novo Pensamento referente ao homem e ao Universo.



Os estados psíquicos que o impediam são eliminados pela cultura, à medida que se penetra na parte profunda das coisas. Este processo de renovação está conformando na espécie um Novo Pensamento,
que já exerce influência sobre a própria evolução mental dos indivíduos pertencentes à Nova Idade Espiritual do mundo.



Como se sabe, a evolução psíquica corre a par com a evolução mental e por isso tudo o que existe se acha em face de um novo enfoque filosófico. A doutrina chamada fixista ou do fixismo, admitida ainda pelo antigo pensamento, está sendo abandonada, já que o próprio Pio XII, recordando o velho Heráclito de Éfeso, disse que “O cosmos evolui”, o que quer dizer que o advento de uma nova mente na humanidade se produzirá por ação da própria lei de progresso.



Este estado de coisas obriga-nos a reconhecer, com Kardec, que “os tempos chegaram” e que, em consequência, tudo tende a se transformar, mediante uma renovação constante do Espírito. O Universo já não é aquele reduzido espaço que existia entre a Terra e o Céu; agora, a ideia do cósmico penetra nas consciências com grande facilidade, e o lugar do homem no Universo amplia-se, eliminando as fronteiras, para unir mundos e sóis numa só e universal família.



Desta maneira é que está nascendo a verdadeira liberdade do indivíduo. O Ser respira os ares do cosmos, que o engrandecem e fazem que sua natureza se sinta ligada ao Universo, relacionando-se assim com o grande cenário da vida Infinita. O sentimento dogmático vê-se impedido de evoluir para o realmente religioso, sobre a base de um sentido cósmico da divindade; deste modo, o homem está refazendo sua natureza, e para orar já não se encerra num templo “feito por mãos de homem”, mas penetra no templo do Universo para sentir, com Albert Einstein e outros, a religião cósmica, arquivando para sempre o que o grande sábio chamava “religião-terror.”



Com efeito, a alma humana está penetrando nas esferas de um Novo Pensamento que lhe permitirá observar a natureza e a criação com renovado critério filosófico. O que entreviram os místicos,
através de suas experiências religiosas, nos novos tempos, o confirma o quefazer científico: Deus está entrando no coração humano pelo milagre natural de tudo o que existe ao ser estudado com penetração clarividente, o que permite observar a realidade invisível que se oculta e subjaz nas formas naturais.



A Eterna Sabedoria renova, assim, sua mensagem ao mundo atual, demonstrando que todo o existente, tanto o macrocósmico como o microcósmico, o grande como o pequeno, possuem um mágico segredo, que os move e impulsiona.



As figuras milenárias da Antiguidade voltam para dizernos que a sabedoria de ontem é a de hoje e a de amanhã; mas a cultura moderna não o compreendeu assim, por considerar que toda a realidade do mundo está na parte epidérmica das coisas: olvidou-se, em uma palavra, que “a alma é a chave do Universo.” [ Eduardo Schuré, Os Grandes Iniciados. ] A manifestação de um Novo Pensamento na espécie humana será a única maneira que lhe permitirá solucionar o grande drama da existência. A velha mentalidade cristalizouse e quis deter o impulso da evolução íntima do homem; por isso é que a consciência social e espiritual ainda se rege pela antiga mente. Entretanto, Kardec revelou a lei de transformação que se opera no processo geral das coisas, quando
disse: “agora não são as entranhas do globo que se agitam, senão as da humanidade”. De fato, as entranhas vivas da história estão espiritual e socialmente em transformação: o advento de algo novo

mostra-se à vista de todos, e só o negam os espíritos endurecidos por sua ação rotineira. Um Novo Pensamento está-se encarnando nas estruturas mentais da espécie e permitirá ao Ser manter-se em
relação direta com os desígnios do Plano Divino da Evolução e com a natureza psíquica que anima os seres e as coisas.



A filosofia do Novo Pensamento teve sua origem nas mais remotas épocas da história, porque a aparição de um novo tipo de mente na humanidade foi a principal tarefa de profetas, videntes, filósofos
e diversos homens de bem que passaram pela Terra. A Eterna Sabedoria está fundada precisamente nessa nova mente de luz da espécie; de maneira que se trabalhou e se lutou sempre para renovar o sentido do mundo, o que felizmente já se está conseguindo, nos novos tempos, com o rápido avanço da ciência e da filosofia.



Mas devemos reconhecer que a verdadeira Sabedoria não é a que se funda sobre o materialismo, mas a que provém da ciência da Alma, que foi anunciada pelos Grandes Seres que se “fizeram carne”, para
se colocarem a serviço do Plano Divino, ajudando assim o desenvolvimento geral da evolução.



Em O Livro dos Espíritos, como em outras grandes obras esotéricas, vemos traçado o Divino Plano da história, quer dizer, revelam-se nele os fundamentos do que representará essa filosofia do Novo Pensamento, cujo destino será formar um tipo de mentalidade que permita encarar o homem e o Universo com um novo sentimento espiritual e religioso. Acreditamos que esse novo sentimento reordenará as linhas do conhecimento e fará aparecer uma Nova Alma, por meio da qual o amor e a fraternidade se manifestarão como o resultado da harmonia recíproca entre os espíritos. Deste modo, o espírito antiprogressista desaparecerá da Terra, sem violência e outro surgirá, progressista e evolutivo, como um resultado dessa nova psicologia das almas.



A realidade do Universo terá assim, para o Ser, uma nova dimensão: a do Espírito. Mas será uma dimensão sem limites sectários, fazendo convergir a evolução espiritual para o grande milagre da vida. Somente deste modo é que se reunirão os três reinos da natureza, movimentados e dirigidos pelos Guias Espirituais que têm a seu cargo a condução do Plano Divino da Evolução e da história.


Este Novo Pensamento será, pois, a causa de leis morais: a lei do progresso e a lei de igualdade. O progresso levará a Terra ao Reino da Igualdade, e a igualdade fará do homem um Ser feliz que
voltará a Deus e se reintegrará na harmonia universal do Cosmos.



A era de paz virá pela criadora ação dessas duas leis que, por estarem baseadas na lei natural, não poderão ser contidas por ninguém em seu avanço e desenvolvimento: o ideal espírita será nesse novo mundo a religião perfeita e pura da Verdade e da vida. Surgirá com ele um novo tipo de homem, que se sentirá não somente cidadão do mundo, mas do Universo inteiro.



Daí concluir-se que a era cristã da paz virá pelo desenvolvimento da lei de progresso e da lei de igualdade, tal como o previram Kardec, Denis e todos os grandes espíritos que estiveram a serviço
do bem e da justiça.



Haverá um novo cidadão, que sentirá em sua natureza psíquica a pulsação universal do mundo; um cidadão com a alma unida ao mistério vivo da pedra, do vegetal e do animal. Existirá um indivíduo social que passará pela Terra sem tomar posse dela para submetê-la e oprimi-la. Será este um cidadão universal; governará com a bondade e a persuasão; o sistema de sociedade a que presida estará baseado no sentido cósmico da vida.



Levará em conta que tudo vive, se desenvolve e caminha para a luz. A política será, nessa Idade, uma lei baseada no amor recíproco; tudo será de todos; os espíritos encarnados saberão que a morte
não existe e que eles vêm do invisível e regressam ao invisível. Saber-se-á ainda que os mortos participam das assembleias legislativas e que as leis se escreverão com a colaboração de suas mãos intangíveis.



Sim, na era espírita do amor e da justiça, o conceito das coisas estará unido à realidade da vida Divina. Saberão as almas que se nasce e morre muitas vezes e que a lei dos renascimentos se cumpre de forma universal. Por isso, todos se amarão entre si e todos se corresponderão fraternalmente.



Não haverá morte em nenhum sentido; nessa Idade do Novo Pensamento não morrerão os pobres animais para enriquecer os chamados “industriais da carne”. O homem amará os seres inferiores, falará com eles animicamente, conduzindo-os com piedade e carinho pelos caminhos da Evolução, pois esse novo cidadão da Terra saberá que tudo se enlaça na natureza e que todos anelam chegar ao mistério da Divina Verdade.




[Essa proposição de Mariotti, que parecerá audaciosa aos chamados “espíritos positivos”, já é objeto de pesquisas científicas. Na própria Rússia Soviética, no Laboratório de parapsicologia da Universidade de Leningrado, como nos Estados Unidos e na Europa, fazem-se pesquisas da parapsicologia Animal, incluindo a ação mental do homem sobre os animais. Assim, a expressão de Mariotti: “falará com eles animicamente”, já não pode ser acusada de visionária ou utópica. (Nota de J.H. Pires).]



Concluída a impressão em maio de 1967.

Composto e impresso na

Luzes — Gráfica Editora Ltda.

R. Abolição, 101 — São Paulo-SP
 
 
 
 
Digitalização: PENSE - Pensamento Social Espírita
www.viasantos.com/pense
outubro de 2009  
Um trabalho de Eugênio Lara e Mauri Alexandrino.
 
 
 
 
 
 
 
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