sábado, 2 de junho de 2018

20180602 Crítica da Razão Prática (Immanuel Kant (Imortalidade

Immanuel Kant
 
 
 
Crítica da Razão Prática

IV
 
A IMORTALIDADE DA ALMA COMO UM POSTULADO DA RAZÃO PURA PRÁTICA



A atuação do sumo bem no mundo é o objeto necessário de uma vontade determinável mediante a lei moral. Mas tal vontade é a total correlação da disposição de ânimo com a lei moral, a mais elevada condição do seu sumo bem. Deve ela, portanto ser tão possível quanto o seu objeto, porque está contida no mesmo mandato de fomentar que o fomenta. Mas a completa correlação da vontade à lei moral constitui a santidade, ou seja, uma perfeição para a qual nenhum ser racional está capacitado no mundo sensível, seja qual for o momento de sua existência. Mas como ela, não obstante a tudo, é exigida como praticamente necessária, não pode, também, ser encontrada fora de um progresso que vai ao infinito, àquela correlação total, sendo que, segundo os princípios da razão pura prática, é necessário admitir tal progressão prática como o objeto real da nossa vontade.



Este progresso infinito, todavia, só é possível sob a suposição de uma existência e personalidade duradoura no infinito do mesmo ser racional (a que chamamos imortalidade da alma). Assim, portanto, o sumo bem só é praticamente viável sob o aspecto da imortalidade da alma, sendo, por conseguinte, esta, ligada inseparavelmente à lei moral como se encontra, um postulado da razão pura prática (pelo qual entendo eu uma proposição teórica mas não demonstrável como tal, enquanto depende inseparavelmente de uma lei prática que possua um valor incondicionado a priori).




A proposição da determinação moral da nossa natureza de não poder alcançar a completa correlação com a lei moral a não ser em um progresso que vá ao infinito é da maior utilidade não só em relação ao atual complemento da incapacidade da razão especulativa, como também no concernente à religião.
Na ausência de tal proposição, ou se despojaria a lei moral por completo de sua santidade, imaginando-a indulgente e adequada à nossa conveniência, ou então se exaltaria a sua missão e, ao mesmo
tempo, a esperança de uma determinação inexeqüível, isto é, aguardar-se-ia a posse completa da santidade da vontade, divagando-se em sonhos místicos e teosóficos, de tão extravagantes, completamente contraditórios com o conhecimento de si mesmo; só o esforço incessante para o cumprimento pontual e completo de um mandato racional severo, não indulgente e, contudo, não real, mas sim de todo verdadeiro, em ambos os casos ficaria impedido.

Para um ser racional, mas finito, só é possível o progresso ao infinito, na lei moral, partindo-se dos graus
inferiores aos superiores. O Infinito, para quem a condição do tempo nada representa, vê nesta série, para nós infinita, o todo da correlação à lei moral e a santidade, exigida incessantemente por

seu mandato para ser concordante à sua justiça na participação por ele assinalada a cada um no sumo bem, deve encontrar-se em uma só intuição intelectual da existência de seres racionais.

O que somente pode corresponder à criatura relativamente à esperança desta participação seria o ser consciente de um modo seguro de sua intenção para esperar do seu progresso obtido do mau ao bem no campo moral e do propósito imutável de que esse ser consciente se houvesse formado, em razão de conhecer uma continuidade ulterior deste progresso, enquanto a sua existência possa durar, e para além desta vida, e assim, em verdade, nem aqui nem em qualquer momento previsível de sua existência futura, mas apenas no infinito da sua continuação (que só Deus pode dominar) ser de todo conforme à vontade deste (sem indulgências ou remissões incompatíveis para com a justiça).


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Na verdade nosso Allan Kardec chegou bem depois.

Mas uma coisa é certa.
Kardec fala mais simples.

Saúde e Paz.

sábado, 31 de março de 2018

20180331 A Moral Mediúnica

J. Herculano Pires
 
Mediunidade

Conceituação da Mediunidade
e
Análise geral dos seus problemas atuais






A Moral Mediúnica



A transformação do mundo se faz pela conversão. Não se trata da conversão a uma seita, a um tipo especial de fé, mas da conversão dos valores mundanos em valores espirituais. O médium é um servidor do espírito e para servi-lo terá de integrarse nas condições espirituais que traz em si mesmo, na sua essência humana. O próprio desenvolvimento da mediunidade lhe ensina isso.



As funções mediúnicas mudam a direção do seu campo visual e perceptivo. Ele se desliga, se desimanta da realidade mundana para focalizar em sua sensibilidade as perspectivas do espírito. Essa esquizofrenia divina caracteriza os estágios superiores da evolução anímica em que a realidade concreta se converte na abstração das idéias, dos conceitos, dos sonhos, dos anseios utópicos.



O sonho dos poetas e artistas e a utopia que leva os mártires ao suplício são os primeiros sinais do alvorecer da mediunidade na esteira da reencarnação. O espírito sobe do sensível platônico (do concreto) para o inteligível (o abstrato) que é a visualização das essências. Por isso Platão, nos seus últimos anos, sentia-se incapaz de transmitir em palavras as percepções do seu mundo das idéias. E por isso Paulo de Tarso, que imantado às tradições violentas do Judaísmo, perseguia o Cristo, ao receber o impacto da existência espiritual do Mestre, na Estrada de Damasco, desliga-se do mundo de falsas imagens em que vivia, perde a visão das coisas e mais tarde a recobra num ângulo superior, com os passes de Ananias, convertendo-se ao Cristianismo nascente. O desenvolvimento espiritual de Paulo o leva, naquele instante, à conversão cristã pelo batismo do espírito, nas águas invisíveis da mediunidade. Dali por diante ele será inspirado por Estêvão, o mártir que ele mandou lapidar na sua loucura mundana. Tudo se converte ao seu redor, o mundo em que passa a viver não é mais o da arrogância e da brutalidade, mas o mundo da abnegação e da humildade. O Doutor da Lei converte-se em aprendiz e servo da realidade cristã.



A mecânica da conversão é irreversível, porque decorre de um processo de amadurecimento psíquico, no desenvolvimento das potencialidades do espírito.



As potencialidades desenvolvidas elevam o grau consciencial da criatura e alargam o seu campo visual e perceptivo. O convertido, como aconteceu com Paulo, despe-se de todo o seu passado, mesmo à custa dos maiores prejuízos no plano material e mundano, para integrar-se numa compreensão superior da realidade.



Só podem regredir os pseudoconvertidos do formalismo religioso, da dogmática artificial das igrejas, que nada mais fazem do que trocar de dogmáticas, sem tocar nem de leve a fímbria da Verdade. O poder do Evangelho vivo e puro é semelhante ao do sol, que amadurece os frutos sem que estes possam voltar à condição de
verdes.




Daí a razão do ensino de Kardec no tocante à inconveniência do proselitismo forçado. Que cada qual fique onde está, na escala evolutiva das crenças religiosas, pois o conhecimento espiritual requer tempo e maturação de cada criatura.



Assim sendo individualmente, também o é coletivamente. O mundo só pode completar a sua conversão, iniciada pelo Cristo, quando estiver maduro para isso. Não obstante, não temos o direito de cruzar os braços ante as dores do mundo.



Nosso dever é trabalhar incessantemente para que a concepção espírita, o que vale dizer o ideal cristão em sua pureza primitiva, esteja sempre ao alcance de todos, particularmente das
novas gerações.


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Eu li isto hoje e acho bom ser compartilhado. Em que pese ter sido escrito num tempo em que o CatoEspiritismo dominava o Movimento Espírita. CatoEspiritismo é o espiritismo impregnado de valores católicos. Nada contra o Catolicismo ou outra qualquer forma de ver a vida. Mas há de ser diferenciado o que é do universo católico daquilo nascido a partir de Kardec formando o espiritismo.

Herculano Pires acreditava serem ramos de uma mesma árvore. Eu não vejo assim. Árvores diferentes, nascidas de sementes diferentes.

E ainda discordo do autor no tocante ao espiritismo ser a única vertente de Caminho. "São muitos os caminhos que levam à Casa do Pai." JN

Cristão, Cristo são termos não espíritas. Estão vinculados à imagem de Jesus pregado à cruz, ao seu sofrimento, para com isso fazer do homem um ser de fácil dominação pelas religiões e pelo Estado.

Jesus de Nazaré trouxe ao mundo uma mensagem de Libertação Espiritual. Um poeta guatemalteco nos diz "Jesus não é substantivo, mas Verbo". Isto significa ser a sua mensagem capaz de nos mover, de nos fazer sair da modorra e agir no mundo para transforma-lo.

E mais...

O espiritismo não muda ninguém.

O Homem toma consciência de Si Mesmo e inicia o seu proceso de mudança. Se tem coragem avança nesse processo mesmo com as inevitáveis incompreensões e perdas de amigos e familiares.

Mas quem ficou no caminho é passado e nunca devemos nos prender ao passado. Ser gratos às pessoas é normal, mas nunca estar presos a elas. O REAL é o Presente. E o Caminho é o mais solitário, principalmente quando Novas Concepções nos bafejam o coração.

ADIANTE ! ! ! Pois o REAL é agora.


Paulo Cesar Fernandes

31/03/2018.

domingo, 18 de março de 2018

20180318 Tarefa nossa


"O Espiritismo é uma doutrina que abrange todo o Conhecimento Humano, acrescentando-lhe as dimensões espirituais que lhe faltam para a visualização da realidade total.

O Mundo é o seu objeto, a Razão é o seu método e a Mediunidade é o seu laboratório."


Prof. José Herculano Pires
Livro: "Mediunidade: vida e comunicação",

tópico Questóes iniciais.



Digo eu, Paulo:


Se os espíritas derem as costas às novas formas de pensar, nascidas através do boom tecnológico, trazendo à luz uma
Outra Humanidade, o espiritismo será alijado como uma seita a mais, sem valor cultural efetivo para o tempo presente e para o futuro dos tempos.

O espiritismo será o que os espíritas fizerem dele.
Disse alguém no passado como uma premonição.



Paulo Cesar Fernandes.

18/03/2018.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

20180226 Unindo pontas

Unindo pontas
 
 


E num determinado momento o homem une os pontos da estrada; pega o berço e antevê o túmulo. E esses dois pontos se tocam.


Não olha a infância com saudosismo inútil, mas como um fato a recordar tão somente.


É quando a certeza da finitude se faz presente e concreta. E mesmo os imortalistas se deparam com esse processo. Nada de ruim nele. É o natural se presentando.


Ora. As Leis Naturais não são uma realidade?


Diante disso percebemos estarmos vivos; e muito mais: capazes de nos pensar enquanto Ser. Um Ser único e com amplos desdobramentos em conhecimentos e potencialidades.


Essa Amplitude Infinita é a Força da Vida.


É o que nos impulsiona, é o motor de toda nossa existencialidade. 


Para isso existimos e nunca para o NADA.


Paulo Cesar Fernandes.

26/02/2018

Nota:
Presentar é trazer para o presente, fazer presente.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

20180211 Humberto Mariotti_Parapsicologia e Materialismo Histórico (Capítulo final



Capítulo XX

PARA A FILOSOFIA DE UM NOVO PENSAMENTO
 
 

Todos os grandes construtores da nova filosofia, pertencentes aos tempos novos, estão reunindo os elementos com que fundar, de forma positiva, um Novo Pensamento referente ao homem e ao Universo.



Os estados psíquicos que o impediam são eliminados pela cultura, à medida que se penetra na parte profunda das coisas. Este processo de renovação está conformando na espécie um Novo Pensamento,
que já exerce influência sobre a própria evolução mental dos indivíduos pertencentes à Nova Idade Espiritual do mundo.



Como se sabe, a evolução psíquica corre a par com a evolução mental e por isso tudo o que existe se acha em face de um novo enfoque filosófico. A doutrina chamada fixista ou do fixismo, admitida ainda pelo antigo pensamento, está sendo abandonada, já que o próprio Pio XII, recordando o velho Heráclito de Éfeso, disse que “O cosmos evolui”, o que quer dizer que o advento de uma nova mente na humanidade se produzirá por ação da própria lei de progresso.



Este estado de coisas obriga-nos a reconhecer, com Kardec, que “os tempos chegaram” e que, em consequência, tudo tende a se transformar, mediante uma renovação constante do Espírito. O Universo já não é aquele reduzido espaço que existia entre a Terra e o Céu; agora, a ideia do cósmico penetra nas consciências com grande facilidade, e o lugar do homem no Universo amplia-se, eliminando as fronteiras, para unir mundos e sóis numa só e universal família.



Desta maneira é que está nascendo a verdadeira liberdade do indivíduo. O Ser respira os ares do cosmos, que o engrandecem e fazem que sua natureza se sinta ligada ao Universo, relacionando-se assim com o grande cenário da vida Infinita. O sentimento dogmático vê-se impedido de evoluir para o realmente religioso, sobre a base de um sentido cósmico da divindade; deste modo, o homem está refazendo sua natureza, e para orar já não se encerra num templo “feito por mãos de homem”, mas penetra no templo do Universo para sentir, com Albert Einstein e outros, a religião cósmica, arquivando para sempre o que o grande sábio chamava “religião-terror.”



Com efeito, a alma humana está penetrando nas esferas de um Novo Pensamento que lhe permitirá observar a natureza e a criação com renovado critério filosófico. O que entreviram os místicos,
através de suas experiências religiosas, nos novos tempos, o confirma o quefazer científico: Deus está entrando no coração humano pelo milagre natural de tudo o que existe ao ser estudado com penetração clarividente, o que permite observar a realidade invisível que se oculta e subjaz nas formas naturais.



A Eterna Sabedoria renova, assim, sua mensagem ao mundo atual, demonstrando que todo o existente, tanto o macrocósmico como o microcósmico, o grande como o pequeno, possuem um mágico segredo, que os move e impulsiona.



As figuras milenárias da Antiguidade voltam para dizernos que a sabedoria de ontem é a de hoje e a de amanhã; mas a cultura moderna não o compreendeu assim, por considerar que toda a realidade do mundo está na parte epidérmica das coisas: olvidou-se, em uma palavra, que “a alma é a chave do Universo.” [ Eduardo Schuré, Os Grandes Iniciados. ] A manifestação de um Novo Pensamento na espécie humana será a única maneira que lhe permitirá solucionar o grande drama da existência. A velha mentalidade cristalizouse e quis deter o impulso da evolução íntima do homem; por isso é que a consciência social e espiritual ainda se rege pela antiga mente. Entretanto, Kardec revelou a lei de transformação que se opera no processo geral das coisas, quando
disse: “agora não são as entranhas do globo que se agitam, senão as da humanidade”. De fato, as entranhas vivas da história estão espiritual e socialmente em transformação: o advento de algo novo

mostra-se à vista de todos, e só o negam os espíritos endurecidos por sua ação rotineira. Um Novo Pensamento está-se encarnando nas estruturas mentais da espécie e permitirá ao Ser manter-se em
relação direta com os desígnios do Plano Divino da Evolução e com a natureza psíquica que anima os seres e as coisas.



A filosofia do Novo Pensamento teve sua origem nas mais remotas épocas da história, porque a aparição de um novo tipo de mente na humanidade foi a principal tarefa de profetas, videntes, filósofos
e diversos homens de bem que passaram pela Terra. A Eterna Sabedoria está fundada precisamente nessa nova mente de luz da espécie; de maneira que se trabalhou e se lutou sempre para renovar o sentido do mundo, o que felizmente já se está conseguindo, nos novos tempos, com o rápido avanço da ciência e da filosofia.



Mas devemos reconhecer que a verdadeira Sabedoria não é a que se funda sobre o materialismo, mas a que provém da ciência da Alma, que foi anunciada pelos Grandes Seres que se “fizeram carne”, para
se colocarem a serviço do Plano Divino, ajudando assim o desenvolvimento geral da evolução.



Em O Livro dos Espíritos, como em outras grandes obras esotéricas, vemos traçado o Divino Plano da história, quer dizer, revelam-se nele os fundamentos do que representará essa filosofia do Novo Pensamento, cujo destino será formar um tipo de mentalidade que permita encarar o homem e o Universo com um novo sentimento espiritual e religioso. Acreditamos que esse novo sentimento reordenará as linhas do conhecimento e fará aparecer uma Nova Alma, por meio da qual o amor e a fraternidade se manifestarão como o resultado da harmonia recíproca entre os espíritos. Deste modo, o espírito antiprogressista desaparecerá da Terra, sem violência e outro surgirá, progressista e evolutivo, como um resultado dessa nova psicologia das almas.



A realidade do Universo terá assim, para o Ser, uma nova dimensão: a do Espírito. Mas será uma dimensão sem limites sectários, fazendo convergir a evolução espiritual para o grande milagre da vida. Somente deste modo é que se reunirão os três reinos da natureza, movimentados e dirigidos pelos Guias Espirituais que têm a seu cargo a condução do Plano Divino da Evolução e da história.


Este Novo Pensamento será, pois, a causa de leis morais: a lei do progresso e a lei de igualdade. O progresso levará a Terra ao Reino da Igualdade, e a igualdade fará do homem um Ser feliz que
voltará a Deus e se reintegrará na harmonia universal do Cosmos.



A era de paz virá pela criadora ação dessas duas leis que, por estarem baseadas na lei natural, não poderão ser contidas por ninguém em seu avanço e desenvolvimento: o ideal espírita será nesse novo mundo a religião perfeita e pura da Verdade e da vida. Surgirá com ele um novo tipo de homem, que se sentirá não somente cidadão do mundo, mas do Universo inteiro.



Daí concluir-se que a era cristã da paz virá pelo desenvolvimento da lei de progresso e da lei de igualdade, tal como o previram Kardec, Denis e todos os grandes espíritos que estiveram a serviço
do bem e da justiça.



Haverá um novo cidadão, que sentirá em sua natureza psíquica a pulsação universal do mundo; um cidadão com a alma unida ao mistério vivo da pedra, do vegetal e do animal. Existirá um indivíduo social que passará pela Terra sem tomar posse dela para submetê-la e oprimi-la. Será este um cidadão universal; governará com a bondade e a persuasão; o sistema de sociedade a que presida estará baseado no sentido cósmico da vida.



Levará em conta que tudo vive, se desenvolve e caminha para a luz. A política será, nessa Idade, uma lei baseada no amor recíproco; tudo será de todos; os espíritos encarnados saberão que a morte
não existe e que eles vêm do invisível e regressam ao invisível. Saber-se-á ainda que os mortos participam das assembleias legislativas e que as leis se escreverão com a colaboração de suas mãos intangíveis.



Sim, na era espírita do amor e da justiça, o conceito das coisas estará unido à realidade da vida Divina. Saberão as almas que se nasce e morre muitas vezes e que a lei dos renascimentos se cumpre de forma universal. Por isso, todos se amarão entre si e todos se corresponderão fraternalmente.



Não haverá morte em nenhum sentido; nessa Idade do Novo Pensamento não morrerão os pobres animais para enriquecer os chamados “industriais da carne”. O homem amará os seres inferiores, falará com eles animicamente, conduzindo-os com piedade e carinho pelos caminhos da Evolução, pois esse novo cidadão da Terra saberá que tudo se enlaça na natureza e que todos anelam chegar ao mistério da Divina Verdade.




[Essa proposição de Mariotti, que parecerá audaciosa aos chamados “espíritos positivos”, já é objeto de pesquisas científicas. Na própria Rússia Soviética, no Laboratório de parapsicologia da Universidade de Leningrado, como nos Estados Unidos e na Europa, fazem-se pesquisas da parapsicologia Animal, incluindo a ação mental do homem sobre os animais. Assim, a expressão de Mariotti: “falará com eles animicamente”, já não pode ser acusada de visionária ou utópica. (Nota de J.H. Pires).]



Concluída a impressão em maio de 1967.

Composto e impresso na

Luzes — Gráfica Editora Ltda.

R. Abolição, 101 — São Paulo-SP
 
 
 
 
Digitalização: PENSE - Pensamento Social Espírita
www.viasantos.com/pense
outubro de 2009  
Um trabalho de Eugênio Lara e Mauri Alexandrino.
 
 
 
 
 
 
 
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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

20180130 Revisitando um velho amigo

Revisitando um velho amigo
 
 
 
 
 
 
 
 
 

4. IMPÉRIO DA JUSTIÇA
 
 

A ordem moral será o império da justiça.
 

O mundo de regeneração não poderá efetivar-se, portanto, enquanto não criarmos na Terra uma estrutura social baseada na justiça. Já vimos que a tarefa é nossa, pois o mundo nos foi dado como campo de experiência.
 
Submetidos a expiações e provas aprendemos que o egoísmo é nefasto e que devemos lutar pelo altruísmo, a começar de nós mesmos.
 
Mas como fazê-lo?
 
Qual o critério a seguir, para que a educação espírita do mundo se converta em realidade, produzindo os frutos necessários?
 
 
 
Kardec nos explica, ao comentar o item 876:
 
“O critério da verdadeira justiça é de fato o de se querer para os outros aquilo que se quereria para si mesmo, e não de querer para si o que se desejaria para os outros, pois isso não é a mesma coisa. Como não é natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal como norma de partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem. Desde todos os tempos, e em tôdas as crenças, o homem procurou sempre fazer prevalecer o seu direito pessoal. O sublime da religião cristã foi tomar o direito pessoal por base do direito do próximo.”

 
 
 
O critério apontado, como vemos, é o da caridade, O império da justiça começará pelo reconhecimento recíproco dos direitos do próximo.
A lei de igualdade regerá êsse processo. Kardec declara ao comentar o item 803:
“Todos os homens são submetidos às mesmas leis naturais; todos nascem com a mesma fragilidade, estão sujeitos às mesmas dores, e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus não concedeu, portanto, a nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte. Todos são iguais diante dêle.”


 
 
Liberdade, igualdade e fraternidade, são os rumos da civilização. Em “Obras Póstumas” aparece um trabalho de Kardec sôbre êsses três princípios, tantas vêzes deturpados, mas que deverão predominar no mundo de justiça.
 
 
Escreveu o codificador:
“Estas três palavras constituem, por si sós, o programa de tôda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação.”

 
 
A seguir, Kardec coloca a fraternidade como princípio básico, apontando a igualdade e a fraternidade como seus corolários.
A igualdade absoluta não é possível, dizem os contraditores dos ideais igualitários, alguns mesmo alegando que a desigualdade é lei da natureza.
 
Citam, em favor dessa tese, o fenômeno da individualização, bem como a diversidade de aptidões. Lembram que os próprios minerais, vegetais e animais se diversificam ao infinito. Mas esquecem-se de que a lei natural não é a desigualdade, mas a igualdade na diversidade. Vimos como Kardec define a igualdade dos homens perante Deus. Vejamos também a sua explicação das
desigualdades no plano social, que é precisamente o plano material da fragmentação e da especificação.


 
 
 
Escreveu Kardec, no comentário ao item 805:
 
“Assim, a diversidade das aptidões do homem não se relaciona com a natureza íntima de sua criação, mas com o grau de aperfeiçoamento a que êle tenha chegado, como Espírito.
 
Deus não criou, portanto, a desigualdade das faculdades, mas permitiu que os diferentes graus de desenvolvimento se mantivessem em contato, a fim de que os mais adiantados pudessem ajudar os mais atrasados a progredir, e também a fim de que os homens, necessitando uns dos outros, compreendam a lei da caridade, que os deve unir!”
 
 
Nada existe como absoluto em nosso mundo, que é naturalmente relativo.
 
 

A fraternidade, a igualdade e a liberdade são conceitos relativos, que tendem, porém, para a efetivação absoluta, através da evolução.
 
No mundo de regeneração êsses conceitos encontrarão maiores possibilidades de se efetivarem, porque a evolução moral terá levado os homens a se aproximarem dos arquétipos ideais. O Espiritismo nos convida à superação do relativismo material, para a compreensão dos planos superiores a que nos destinamos, como indivíduos e como coletividade. Nossa marcha evolutiva está
precisamente traçada entre o relativo e o absoluto.
 
 
 
O império da justiça, no mundo de regeneração, marcará o início da libertação dos Espíritos que permanecerem na Terra. Mas esse mesmo fato representará a continuidade da escravidão, para os que forem obrigados a retirar-se para mundos inferiores. A desigualdade se manifesta na separação das duas coletividades espirituais, mas apenas como uma condição temporária da evolução, determinada pelas próprias exigências da igualdade fundamental das criaturas. Essa igualdade fundamental, que se define como de origem, natureza e essência, — origem, pela criação divina, comum a todos os espíritos; natureza, pela mesma qualidade, que é a individualização do princípio inteligente; e essência, pela mesma constituição espiritual e potencialidade consciencial; —desenvolve-se através da existência, nas fases sucessivas da evolução, que constituem as formas temporárias de desigualdade, para voltar à igualdade no plano superior da perfeição. Trata-se de um processo dialético de desenvolvimento do ser. Podemos figurá-lo assim: os espíritos partem da igualdade originária, passam pelas desigualdades existenciais, e atingem finalmente a igualdade essencial.
 
 
 
A justiça de Deus é absoluta, e por isso mesmo escapa às nossas mentes relativas. Mas na proporção em que formos evoluindo, alargaremos as nossas perspectivas mentais, para atingir a compreensão das coisas que hoje nos escapam.
 
 
 
O Espiritismo é doutrina do futuro, que age no presente como impulso, levando-nos em direção aos planos superiores. É natural que muitos adeptos não o compreendam imediatamente, na inteireza de seus princípios e de seus objetivos. Mas é dever de todos procurar compreendê-lo, pelo estudo atento e humilde, pois sem a humildade necessária, arriscamo-nos à incompreensão
orgulhosa e arrogante.
 
 
 
À maneira do Reino do Céu, pregado pelo Cristo, e das leis do Reino, que ele ensinou aos seus discípulos, o Espiritismo prepara o império da justiça na Terra. Não pode fazê-lo senão pela prática imediata da justiça através dos princípios que nos oferece, convidando-nos à aplicação pessoal dos mesmos em nossas vidas individuais, e sua natural extensão, pelo ensino e o exemplo, ao
meio em que vivemos. A transformação espírita do mundo começa no coração de cada criatura que a deseja. Por isso ensinava o Cristo que o Reino de Deus está dentro de nós, e que não começa por sinais exteriores.



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Não concordo com a forma absoluta e ortodoxa usada pelo Professor Herculano Pires. Muito menos do seu CatoEspiritismo. Apesar disso...

Acho este final de livro Magistral. 
Um elemento fundamental para cada um de nós:
Pensadores de uma Nova Era.

Resgata Herculano a realidade do indivíduo ao se referir ao Reino.

Desatentos vivemos todos, sem refletir mais profundamente nas pegadas, as nossas pegadas a ser deixadas nos caminhos da terra após o corpo nos libertar.

Cada qual faça sua parte, com toda sua consciência, com todo seu amor.

Dessa forma, deixaremos o Planeta Terra com a certeza de algo ter feito num sentido maior para nossos semelhantes.

Cada qual em sua área. Com seriedade e afeto.

As gerações vindouras merecem mais e melhor1


Paulo Cesar Fernandes.

30/01/2018

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

20180109 Por uma nova postura

Nova etapa.
 
 

Sinto, meu mergulho na filosofia, me permitiu entender melhor autores espíritas de maior profundidade.


Muitos são os livros. Belos livros. Plenos de verdades.

Mas a quase totalidade superficiais.

Sem elementos filosóficos consistentes.

Sem abstração de raciocínio. Sem o que chamo de espiritualidade.

Apartados do momento presente.



Herculano Pires e Humberto Mariotti se uniram/unem por cima da fronteira e nos trazem uma outra característica na reflexão.


Não importa ainda estejam crivados pelo CatoEspiritismo, nas obras por eles deixadas.

Naquele tempo era impossível ver o nosso tempo.


Um outro horizonte se abriu, estou seguro: cabe a cada um de nós a preparação para interferir no mundo transformando-o de verdade.



O tempo da enxurrada de mensagens ficou para trás.

Atende uma camada. Muito bem. Que bom uso lhe faça.



Mas precisamos dar novos passos, numa outra direção.

Colocar os pés no nosso presente, com todas as suas contradições, e mudar esse mundo.


Aquilo que chamo de "Revolução dos Neurônios", é nada além da ruptura com as velhas e carcomidas posturas dos "Tempos Sólidos" (Bauman).



O Movimento Espírita está parado no tempo e no espaço.


Vivem, pelo menos os meus conhecidos, na década de 50 do século passado. Seguem falando as mesmas velhas coisas nas palestras. Basta ouvir as palestras públicas, só atendem aos papa-passes dormitando até a chamada para as energias.


Talvez eu estaja errado. E o Movimento Espírita todo ele certo.


Mas, segundo penso...

Precisamos viver o tempo da dinâmica espiritual. 

Fazer um esforço adicional e aprender outras coisas, para acrescentar ao nosso manancial de conhecimentos.


Apenas através do Conhecimento poderemos atuar mais efetivamente, e revolucionar a sociedade materialista na qual estamos imersos.



Paulo Cesar Fernandes.


09/01/2018.